Infância sempre foi uma fase muito rica na vida do ser humano. Lembrei agora, vendo TV, que antigamente havia uma brincadeira chamada “esgulha”, geralmente em festas na qual balas e doces eram lançados do alto.
A criançada quase se matava para pegar a maior quantidade possível. Diferente de Cosme e Damião, quando as guloseimas eram distribuídas de forma ordenada para que os pequenos pudessem ganhar seus doces sem ser pisados pelas crianças maiores.
Nas Folias de Reis também havia uma esgulha onde moedas e notas eram jogadas e o palhaço da folia fazia malabarismos e recitava versos, às vezes agradecendo a bondade de quem jogava ou criticando a usura quando jogavam poucas moedas.
Dia desses vi essa maneira de distribuir coisas ao vivo na TV, em um jornal de grande audiência, onde aviões jogavam comida de esgulha na Palestina e centenas de adultos, mulheres e crianças foram pisoteados ou feridos a bala quando o caos se instalou.
Quase chorei, mas acho que a mídia relativizou tanto uma desumanidade (ou será uma humanidade?) dessas, que perdi um pouco de minha sensibilidade.
Não sei, sinceramente, mas acho que sobrou um pouco de tristeza ou sei lá qual sentimento que me levou a escrever essa comparação com tempos de infância….
