Por Dom Luiz Fernando Lisboa
Neste mês em que celebramos o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora é oportuno recordar que, para a fé católica, o trabalho não é apenas uma necessidade econômica. Ele é uma vocação, uma forma concreta de servir a Deus e ao próximo. Desde o princípio, as Escrituras nos mostram que o trabalho faz parte do plano divino para o ser humano.
No Gênesis, lemos que Deus criou o mundo em seis dias e, no sétimo, descansou. Ao criar o homem, Ele o colocou no jardim do Éden “para o cultivar e guardar” (Gn 2,15). Ou seja, Deus nos chama a colaborar com a obra da criação. Trabalhar é participar dessa missão divina.
Jesus, antes de iniciar sua vida pública, foi conhecido como “o carpinteiro” (Mc 6,3). Com isso, dignificou o trabalho manual e cotidiano. São Paulo, nas suas cartas, insiste: “Quem não quer trabalhar também não deve comer” (2Ts 3,10). Mais do que isso, ele nos lembra: “Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como para o Senhor” (Cl 3,23).
A Igreja ensina que todo trabalho honesto tem valor espiritual. Quando feito com amor, responsabilidade e espírito de serviço, torna-se caminho de santificação. São José, patrono dos trabalhadores, é modelo desse trabalhador generoso, fiel e justo.
No entanto, a fé também exige justiça no trabalho. A Doutrina Social da Igreja defende o salário justo, condições dignas e respeito aos direitos do trabalhador. Como afirma São Tiago: “O salário dos trabalhadores que vocês deixaram de pagar está clamando” (Tg 5,4). Ignorar essa justiça é pecado!
O domingo, Dia do Senhor, nos recorda que o ser humano não é escravo do trabalho. O descanso, a oração e o convívio familiar são essenciais para a dignidade da pessoa. O trabalho é dom de Deus, mas não é o único. Somos chamados à comunhão com Ele.
Que São José Operário interceda por todos os desempregados, por todos os trabalhadores e trabalhadoras. Que não faltem emprego digno, justiça e fé na vida de quem luta com esforço e honestidade. E que todos nós aprendamos a ver o trabalho como parte da nossa vocação cristã, santificando o cotidiano com amor e esperança.
Como pediu o Papa Francisco: que haja Terra, Teto e Trabalho para todos e todas!
