Esta semana estive em Vitória. Visitei, a convite, quatro endereços para trocar ideias e tentar entender melhor o mapa eleitoral capixaba para 2024. Para dois destes endereços, vou respeitar o sigilo de fonte, a pedido. Um é pró e outro mais crítico ao governo estadual. O terceiro foi a Assembleia Legislativa e por último a Prefeitura de Vitória.
Na Assembleia – vou começar por lá – plenário vazio e gabinetes cheios. Só dois parlamentares na ativa, o Capitão Assunção (PL), discursando raivosamente contra o governo Lula; de olho nele, apenas Camila Valadão (Psol), pronta para contra-atacar. Os demais deputados estavam fazendo aquilo que lhes é peculiar, articulando com vistas às eleições municipais.
Extraio desta cena a mesma pergunta que me foi feita logo de cara nos dois primeiros endereços: Como está a polarização lá em Cachoeiro? Aliás, teve outra pergunta também comum a estes endereços: como está a situação do Jackson Rangel? Eles na capital, e vieram perguntar logo pra mim!
Dei de ombros para segunda pergunta, por absoluta falta de informação, e expus minhas impressões a respeito da primeira. A polarização está longe de acabar e Cachoeiro não foge à regra. Resta saber se parte dos 70% dos cachoeirenses que votaram em Bolsonaro estão dispostos e votar em algum representante da esquerda. Creio que não, foi o que disse.
Esta pergunta, pelo que percebi, está sendo analisada com lupa por aqueles que, profissionalmente, vão trabalhar nas campanhas eleitorais do ano que vem. Afinal, ninguém quer correr o risco de um fiasco, por falta de análise desprovida de paixão, como aconteceu com as “terceiras vias” em 2022.
Contudo, estava lá mais para ouvir do que falar. E ouvi bastante. Em comum aos dois grupos a impressão de que, como na Pangeia, alguns blocos começaram a se formar com a bússola apontando para 2026. É unânime também a certeza de que a mão do governador vai pesar muito nas eleições. Contra ele, por enquanto, só o PL, encabeçado pelo senador Magno Malta.
Nas seis maiores cidades do estado, apenas Cachoeiro oferece algum horizonte para o PL. Portanto, o PL vai jogar pesado por aqui. Em Vitória, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) tem vida própria e o grupo crítico acredita em vitória no primeiro turno. Opinião diametralmente oposta tem os governistas, que apostam no apoio do governador ao deputado João Coser (PT) para derrotar Pazolini.
Nenhum dos dois grupos botam fé na terceira via, que traz o ex-prefeito Luís Paulo Velloso Lucas, o deputado Fabrício Gandini e outros. “É formação para negociar no segundo turno”, me disseram.
Em Vila Velha, a impressão unânime é de que Arnaldinho Borgo (Podemos) vai levar fácil já no primeiro turno. É aliado de primeira hora do governador, que está investindo mais de um bilhão de reais no município. Resta saber qual o próximo o de um prefeito reeleito com esmagadora maioria no segundo maior colégio eleitoral capixaba. E se Pazolini ganhar em Vitória? Lembra da Pangeia?
Pra lá de 2024, é onde realmente muita gente está de olho. Amigos vão se estranhar. O deputado Evair de Melo (PP), por exemplo, nunca negou que seu objetivo é chegar ao Palácio Anchieta. Por certo, está mapeando o estado para saber se 2026 será a sua vez de arriscar. E Ricardo Ferraço, que retornou ao MDB, já começa a arrumar a casa para deixar o terreno azeitado.
Minha última parada foi na Secretaria de Cidadania e Trabalho de Vitória, atendendo a reiterado convite do advogado Diego Libardi (Republicanos), para conhecer o trabalho que desenvolve na capital. Está numa secretaria que é maior que boa parte das prefeituras aqui do sul. Nesse link o leitor poderá ver e ouvir o que me evitaria descrever aqui, para não desviar o foco do artigo.
De política local, falamos pouco, mas o bastante para saber que a tríade formada por Diego e os deputados Dr Bruno (União) e Allan Ferreira (Podemos) está mais forte que nunca. Se lá na frente resultará numa liga de aço ou num Sonrisal, só o tempo dirá. Ele diz que em Vitória se produz o melhor aço do país. A conferir.
Até!
