Em 2003, Antônia tinha apenas 13 anos de idade. O Espírito Santo vivia o pior momento de sua história. A corrupção grassava nos corredores da Assembleia Legislativa e contaminava toda a máquina pública estadual, àquela altura já sem qualquer capacidade de investimento. Servidores estavam com três meses de salários atrasados, éramos o patinho feio da nação.
Hoje Antônia completou 35 anos. Não se recorda de nada disso. Vem gozando a vida, nos últimos 22 anos, embalada pela retomada do crescimento econômico e a volta dos investimentos públicos estaduais, após uma limpa que prendeu corruptos e afastou da vida pública os principais responsáveis pela debacle estadual. Mas não se enganem, eles ainda estão por aí.
Três figuras políticas encabeçaram este movimento de salvação e recuperação do nosso Estado: Paulo Hartung, Renato Casagrande e Ricardo Ferraço. Sim, teve mais gente mexendo as peças nesse tabuleiro, mas estes três, sem dúvida, carregaram o piano e tiveram mais relevância. Jogaram na linha de frente.
Hartung e Casagrande hoje são adversários políticos. Se desentenderam em algum momento da história, mas vêm se revezando no Poder, mantendo a mesma estratégia de atuação e até mesmo boa parte da equipe de governo. Ambos priorizaram a responsabilidade fiscal, sendo um mais conservador e outro mais ousado nos investimentos do setor público. Deu certo.
Ricardo sempre esteve ali entre eles, dando e e equilíbrio às suas gestões. Seja como senador ou vice-governador, posição que ocupou servindo aos dois, foi peça chave nas duas istrações. Completa a base do tripé que fez o Espírito Santo sair do buraco e se destacar no cenário nacional. É partícipe desse movimento político que nos devolveu o orgulho de ser capixaba.
Tentei explicar isso pra Antônia, que só fala em renovação. Ela é de uma geração que quer o novo pelo novo, sem profundidade na avaliação, já que, por óbvio, viveu apenas a parte boa dessa história. Agora, vê o país afundar numa polaridade sem tamanho, com o governo federal voltando às páginas policiais e aposentados miseráveis sendo roubados à mão grande. A corrupção voltou exibindo sua faceta mais vil e repugnante. Ela está assustada.
Realmente, o momento do país é desafiador, há sim que se dar um freio de arrumação na carreta furacão de Brasília. Por isso, é ainda mais urgente a necessidade de manter o Espírito Santo unido, com as rédeas nas mãos de quem já mostrou que sabe guiar cavalo chucro. Só assim atravessaremos o pântano cabuloso que teremos pela frente. Por certo, guardando a casa arrumada, será menos doloroso.
Para tranquilizá-la, repito o jargão: “Em time que está ganhando não se mexe”. E acrescento que temos a receita, o cozinheiro e o fogão está aceso. Antônia não gosta de futebol, mas tem bom apetite para a política. Entendeu o recado.
Até!
