Acompanho há mais de 30 anos a trajetória política de Theodorico Ferraço, sem dúvida o mais proeminente político cachoeirense. É daqueles que pode-se dizer de tudo, para o bem e para o mal, mas a verdade é que deixou uma marca indelével não só em Cachoeiro, mas na história política do Brasil.
Poucos devem se lembrar, mas Ferraço chegou perto de ser escolhido por um grupo de deputados para disputar a Presidência da República, ao final da ditadura militar. À época, um colégio eleitoral formado pelos congressistas elegia o mandatário do País. Apenas esta agem na vida de Ferraço já daria um livro, e dos bons.
Em Cachoeiro, Ferraço só não fez chover, se bem que tenha tentado. As obras mais relevantes e que mudaram a geografia da cidade têm sua : Avenida Beira Rio, Brahin Sader, Linha Vermelha, e a retirada dos trilhos da Leopoldina Railway do bairro Guandu foram as mais marcantes. Sem elas, o município não teria dado o salto de desenvolvimento experimentado nas últimas quatro décadas.
Mas não ficou apenas nestas. Ginásios, pontes, escolas, praças, Instituto do Coração, casas populares, enfim, uma gama de realizações permeia o currículo de Ferraço. Com ele, também foi lançado o primeiro olhar para os menos favorecidos, no sentido de combater a fome em Cachoeiro. A famosa Casa da Sopa, idealizada por sua esposa, Norma Ayub, deu um o importante para alimentar a população mais vulnerável, antes mesmo do programa Fome Zero ser implantado pelo presidente Lula.
No início de sua trajetória, Ferraço protagonizou verdadeiras batalhas eleitorais contra seus tradicionais adversários, todos oriundos do antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), como Hélio Carlos Manhães, Gilson Carone e Roberto Valadão. Eram eleições calorosas, que mexiam com a emoção do cachoeirense. Foram anos, como os atuais, de muita polarização na sociedade.
Quis o destino que estes mesmos atores políticos, depois de alcançar a experiência que leva ao mais alto patamar da sabedoria, reconheceram o papel que cada um deles prestou a Cachoeiro. Deixaram de lado as mágoas e ideologias para o bem da cidade. Ouso dizer que ficaram mais próximos, não só pelo respeito que aram a cultivar entre si, como também pela certeza de suas importâncias históricas.
Ferraço teve outro mérito a ser reverenciado. Além do legado de realizações, ainda no campo da política, foi determinante no desbaratamento da maior quadrilha de usurpadores do dinheiro público já registrada na história do Espírito Santo. No início dos anos 2000, graças a sua impetuosidade, os sanguessugas alojados na Assembleia Legislativa e em departamentos do Estado foram denunciados.
Terminava ali um período nebuloso de nossa história, dando início a um ciclo virtuoso, primeiramente encabeçado pelo ex-governador Paulo Hartung e mais adiante pelo atual governador Renato Casagrande. Ambos auxiliados diretamente pelo seu herdeiro político, Ricardo Ferraço, um dos melhores e mais resolutivos parlamentares capixabas desde a redemocratização.
Com quatro mandatos de prefeito de Cachoeiro no bornal, Ferração (como costumo me referir a ele) se lança novamente a uma derradeira empreitada: chegar pela quinta vez ao topo, com as chaves da Prefeitura de Cachoeiro nas mãos. Certamente, se alcançar o objetivo, novas e necessárias obras virão para Cachoeiro, pois faz parte de sua gênese pensar grande. Que Deus o ilumine!
Até!
